5 tecnologias avançadas da Era Napoleônica
Telégrafo óptico, submarinos, comida enlatada: conheça a alta tecnologia das guerras de Napoleão
Natalia Yudenitsch
1. Telégrafo óptico
Réplica do Telégrafo Óptico / Foto: Wikimedia Commons Images
A palavra telégrafo vem dos gregos tele (longe) e grapho (escrevo) -
"escrever a distância". Quem colocou o conceito no mapa das guerras foi o
francês Claude Chappe. Em 1792, ele instalou um sistema de telégrafo
óptico entre as cidades de Paris e Lille. A linha de semáforos tinha
duas réguas articuladas de madeira e uma terceira conectando as duas
instaladas no topo de torres. A possibilidade das posições das réguas,
que tinham entre 1 e 9 m, chegava a 196 combinações, que repassavam
frases por símbolos codificados. O sistema era simples e eficiente, e
transmitia um símbolo por todas as 15 torres através de cerca de 190 km,
em menos de dez minutos. Uma mensagem típica tinha cerca de 36
símbolos. O sucesso desse primeiro sistema levou à construção de outras
linhas, usadas por Napoleão para coordenar seus exércitos por toda a
Europa.
2. Nautilus
Réplica do submarino Nautilus / Foto: Wikimedia Commons Images
Em 1800, o inventor americano Robert Fulton adicionou uma nova
palavra ao dicionário naval: torpedo. Sua criação, o submarino Nautilus,
foi o primeiro a oferecer a possibilidade de afundar navios inimigos
através do disparo de bólidos explosivos recheados de pólvora. Com 6,50 m
de comprimento, estrutura de ferro coberta de placas de cobre e lemes
para o controle vertical, ele permitia que quatro passageiros ficassem
submersos por até seis horas. Apresentava ainda uma torre de observação e
propulsores operados manualmente. Financiado por Napoleão, o invento,
contudo, não agradou. Mesmo depois de afundar uma escuna de quatro
mastros, os franceses cortaram seu patrocínio em 1804. No ano seguinte,
Fulton tentou vender o Nautilus aos britânicos, ao afundar um veleiro de
3 toneladas. Os ingleses também não se impressionaram. O motivo das
recusas era a incapacidade de o submarino acompanhar a velocidade das
esquadras navais, perdendo seu diferencial estratégico.
3. Comida enlatada
Molde dos recipientes em aço / Foto: Wikimedia Commons Images
Manter as rações diárias do exército durante a marcha pela conquista
do continente. Esse era o objetivo de Napoleão quando, em 1800, mandou
anunciar uma recompensa de 12 mil francos para quem inventasse uma forma
barata e eficiente de armazenar grandes quantidades de comida por
longos períodos de tempo. A tarefa foi levada a sério pelo confeiteiro
francês Nicolas François Appert. Após anos de testes, em 1809 ele
faturou o grande prêmio ao apresentar sua criação: a comida enlatada. O
método consistia em selar a vácuo vidros cheios de alimentos. Devido à
fragilidade do material, contudo, os potes logo foram substituídos por
recipientes de aço ou latão. Detalhe: o abridor de latas só foi
inventado 30 anos depois. Na prática, porém, o invento teve um início de
vida difícil. A dificuldade de enlatar a comida em massa, somada ao
lento esquema de carregar e transportar as latas, atrasou tanto o
processo que o aperfeiçoamento só aconteceu depois da guerra. Para azar
do inventor francês, sua fábrica de enlatados, construída com o dinheiro
do prêmio, foi queimada em 1814 durante a invasão da França pelas
tropas aliadas. Com o fim das Guerras Napoleônicas e o gradual
crescimento da população urbana, os enlatados se popularizaram por toda a
Europa e os Estados Unidos.
4. Projéteis de fragmentação
Um dos explosivos Shrapnel Shell / Foto: Wikimedia Commons Images
O exército britânico foi o primeiro a usar as munições explosivas mais conhecidas como shrapnel shell,
em homenagem a seu inventor, o então tenente da Artilharia Real
Britânica Henry Shrapnel. Em 1784, bancando o desenvolvimento do invento
de seu próprio bolso, Shrapnel mostrou a seus colegas uma bala de
canhão oca recheada de projéteis de chumbo, que explodiam no ar após o
disparo. Os oficiais se interessaram, mas não o suficiente. Em 1787, o
tenente aperfeiçoou ainda mais a munição, demonstrando o estrago feito
por um projétil de morteiro com cerca de 200 balas de mosquete
misturadas com pólvora. Apesar da aprovação dos generais, nada foi
feito, até que, em 1792, Shrapnel conseguisse convencer um comitê do
alto comando inglês a examinar a proposta de adicionar as balas
explosivas ao arsenal do exército. A apresentação se deu em 3 de junho
de 1803. Foi então montada uma linha de produção para a manufatura. No
ano seguinte, depois que sua criação foi usada com sucesso em batalha,
Shrapnel foi promovido a tenente-coronel.
5. Pólvora sem fumaça
A pólvora Poudre B / Foto: Domínio publico
Durante as Guerras Napoleônicas, uma das principais reclamações dos
oficiais era a dificuldade em coordenar seus exércitos em campos de
batalha quase invisíveis por causa da fumaça deixada pelas armas
utilizadas. A solução só veio em 1886, quando o químico francês Paul
Marie Eugène Vieille inventou a primeira pólvora sem fumaça, batizada de
Poudre B (do francês poudre blanche, ou pó branco). À base de
nitrocelulose misturada a álcool e éter, ela revolucionou o uso das
armas de fogo nos combates. Comparada à pólvora negra, a pólvora
química, como também é conhecida, permite mais mira e pressão com menor
quantidade, produz menos fumaça e resíduos e ainda mantém o poder de
explosão mesmo quando úmida. A Poudre B foi para combate no fim do mesmo
ano nos rifles Rebel 1886, usados pela infantaria francesa.Cérebros a todo vapor
Fonte: http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/5-tecnologias-avancadas-da-era-napoleonica.phtml#.WYmtICeQzQo
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